Arquivo do dia: 01/06/2012

Para-choque de blog

“Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.” – Albert Einstein

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Chico Mineiro – o auto Greco-tupiniquim

Por Antônio Serpa do Amaral Filho

A música Chico Mineiro ainda é uma das mais ouvidas modas de viola do gênero sertanejo de raiz no rádio brasileiro. Ao ouvir a toada de Chico Mineiro nos damos conta de que o homem do campo é, na sua espiritualidade singela, um exímio contador de estória. Vivendo a seu modo simples ele, às vezes, ao cair da noite, quando o mundo lhe outorga a paz do campo, ele se põe a curtir um dedo de prosa, narrando à moda do velhos viajantes árabes os causos vivenciados no presente, ou no passado próximo ou distante. E assim, cada um segundo sua capacidade de inventariar suas pegadas pelo mundão de meu Deus!, passa a contar suas memórias, feitos e acontecidos, e a conversa vai crescendo, esticando, se desfiando feito um rolo de lã que abastece o fazer de uma grande peça forjada pacientemente nas mãos criativas de um artesão.

É conversa pra mais de metro. De todos os tipos. Conversa boa. Incontida. Fluida. Envolvente. Engraçada. Triste. Dramática. Risonha. Séria. Mentirosa. Cabeluda. Coerente. Fascinante. Verdadeira. Verossímil. Inventada. Real. Imaginária. Incoerente. Capciosa. Lacrimejante. Hilariante. Bisonha. Pudica. Bisbilhoteira. Escrachada. Sobre si. Sobre o outro. Sobre o mundo. Com graça. Sem graça. Com jeito. Sem jeito. Trejeitos. Gestos. Risadas. Pausas. Levante de voz. Sussurros. Berros. Confidências. Revelações. Descobertas. Descritivas. Narrativa. Analíticas. Procríticas. Enclíticas. Mesocríticas. Acríticas. Políticas. Apolíticas. Curtas. Longas. Emboladas. Claras. Transversas. Rimadas. Em trova. Em prosa. Em verso. Em meias palavras. Com todos os pingos nos is. Apologéticas. Sintéticas. Lentas ou ligeiras. Concretas ou fofoqueiras. Carismáticas ou leseiras. Performáticas ou besteiras. Temáticas ou caseiras. Pragmáticas ou Embusteiras. Acontecidas. Longínquas ou na biqueira. Ouvidas. Testemunhadas. Racionais ou encantadas. Simplórias ou fantásticas.

Porque tudo pode ser contado. Um dedo de prosa não faz mal a ninguém. O mundo é pequeno na língua do peão rodado no trecho, o universo caipira é bem maior do que possa sonhar nossa vã filosofia cartesiana. Todo mundo pode contar um conto e aumentar um ponto. Pode ser Chico, pode ser Zé. Joaquim. Ibrhaim. Serafim ou Mané. Assunta quem sabe assuntar. A língua é de quem quer falar. A fala é de quem pode. Pode quem sabe contar. Conta quem sabe narrar. Narra quem tem pra dizer. Quem já andou. Quem amou. Quem sorriu. Quem viveu. Quem já curtiu. Quem já viu. Que não viu. Quem já sofreu. Quem esteve lá. Quem ouviu falar. Quem tem tutano no cabeção pra inventar. Quem tem pé de vento no pensamento pra voar.

Chico Mineiro é uma clássica narrativa epopéica do vasto sertão pindorama. Um auto Greco-tupiniquim. Romântico, dramático e trágico, o enredo da canção caipira perfaz o imaginário dos sentimentos mais nobres dos peões de boiadeiro, que, em comitiva levando suas boiadas, peregrinam pelos campos vivendo suas aventuras, amando os seus amores e cantando, de viola em punho e trago de aguardente amaciando a garganta, suas dores e chagas existenciais.

Na turbulência dialética da caminhada terrena, Chico Mineiro perdeu a vida para que o narrador encontrasse a inusitada irmandade secreta tantas vezes perto e muitas vezes longe do seus olhos e do seu coração. A banda oculta da morte revelou a face misteriosa da vida, mostrando que nos sertões paradisíacos do homem do campo as antíteses impregnam o verde da campina, o trote da boiada e a pândega sacra ou profana da Festa do Divino Espírito Santo.

Desses causos cantados e declamados em verso e prosa, ao som da viola, vive a beleza da legítima música caipira brasileira.

E que a quem possa duvidar, assevero: foi lá pro sertão de Goiás…

juiz federal Herculano Nacif vivendo a tradição oral de contar, para as novas gerações, a estória de Chico Mineiro

 O juiz federal Herculano Nacif vivendo a tradição oral de contar,
para as novas gerações, a estória de Chico Mineiro. Ascom SJ-RO foto:Robervânia/Mauro Jr

 

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apenas

Li outro dia uma frase atribuída a John Piper em que ele diz que escatologicamente a grande função das redes sociais será provar ao chegarmos diante de Deus que todos tivemos tempo para orar e não o fizemos. Curiosa e verdadeira a sua afirmação. Não adianta dizermos que não temos tempo para trocar uma ideia com nosso Pai se passamos uma a duas horas por dia no twitter ou no Facebook. Não sejamos hipócritas: a maioria dos cristãos que não oram o faz por pura preguiça ou porque prioriza outras coisas: Internet, o seriado predileto, o jogo de futebol ou mesmo o(a) namorado(a).

Mas há aqueles que até gostariam de orar, querem muito se disciplinar nisso mas se perdem nas orações, o pensamento viaja, não sabem o que dizer e uma série de outras questões. “Como devo orar?”, se perguntam. A verdade é que há inúmeras maneiras corretas de praticar…

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Cats…. yes!

Gatos, gatos, gatos…

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Queimadas: ajude a apagar essa idéia!

Por Aparício Carvalho de Moraes , médico e diretor da FIMCA

Quem vive em Rondônia há tanto tempo como eu, sabe o quanto tem sido danoso o problema das queimadas. O primeiro impacto visível é nos aeroportos, estradas, rios e lagos, dificultando os voos, o tráfego e as navegações, com os aviões, veículos e barcos precisando rasgar a pesada cerração causada pela mistura de umidade e fumaça, o que coloca em risco a segurança da viagem.

Chegamos agora, à época do campo preparar o terreno para o plantio dos produtos que fazem a pujança da nossa agricultura, e muito deles ainda estão com aquela mentalidade de que “se não posso queimar a capoeira pra fazer o meu roçado, quem vem me ajudar a fazer isso?”

Estamos, portanto, diante de mais um desafio: o de prevenir e combater as queimadas que tanto tem atingido as propriedades rurais da região. Lavouras inteiras já foram consumidas pelo fogo e o principal causador, na maioria dos casos, é o próprio homem do campo.

A prática do fogo, embora permitida por lei para a limpeza do solo e outras finalidades, deve ser evitada ao máximo por produtores rurais em suas propriedades para não causar danos à  terra,  ao  ar,  ao  ecossistema  e  a  população  e,  é  claro, deve ser substituída  por  técnicas  mais  eficientes  e  benéficas  à produção.

Não posso deixar de mencionar, nessa breve abordagem do assunto, o esforço meritório que as autoridades ambientais do estado estão empreendendo nos últimos anos. Para enfrentar esse desafio, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) tem realizado reuniões com os órgãos que fazem parte do Comitê Estadual de Combate às Queimadas e Incêndios Florestais, traçando um plano de ação de combate às queimadas com base na informação, na conscientização e na mobilização da população para evitar e minimizar as queimadas.

O Comitê é formado por 31 órgãos e entidade governamentais e não-governamentais: Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, SEDAM, Batalhão Ambiental, Delegacia Especializada de Crimes Contra o Meio Ambiente, SIPAM, IBAMA, DER, Delegacia Fluvial de Porto Velho, Base Aérea, INCRA, SEAGRI, IDARON, Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, EMATER, Eletronorte, Embrapa, AROM, CAERD, Federação dos Trabalhadores na Agricultura, Grupo de Trabalho Amazônico, Federação dos Agricultores e Produtores de Rondônia, CPPT/Cuniã, Organização dos Seringueiros de Rondônia, Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Centro Regional de Vigilância, UNIR, FUNAI, Articulação Central das Associações de Ajuda Mútua, Delegacia Federal de Agricultura e CEPLAC.

Também a Secretaria Municipal de Meio Ambiente lançou a campanha: “Queimadas urbanas, apague essa ideia”, que já se desenvolve desde abril nas áreas da capital onde, historicamente, existem grande concentração de focos de queimadas urbanas.

Entendo, apoio e aprovo o combate às queimadas. Elas não podem mesmo continuar. Já estava passando da hora dos governos municipal, estadual e federal se unirem nesse trabalho. Aquele negócio de cada um dar uma justificativa diferente e nenhum conseguir uma ação efetiva não podia mais continuar. Afinal a queimada é crime e a multa varia de R$ 2.482,00 até  quatro milhões de reais

Os órgãos competentes, portanto, estão se mobilizando para enfrentar o problema. Agora o que falta mesmo é o homem, do campo e da cidade, se conscientizar sobre as consequências danosas das queimadas e se preparar melhor para lidar com focos de incêndio. Para isso, o fundamental é a conscientização sobre os danos das queimadas e a informação sobre a existência de técnicas que não impliquem na utilização do fogo.

No campo os exemplos são diversos. Vão desde a recuperação da pastagem na seca, até o plantio direto na palha. E tecnologias não faltam para melhorar a renda do produtor rural e manter a qualidade do solo.

Nas áreas urbanas, as queimadas são um problema crônico em praticamente todo o Brasil. Em Porto Velho elas já tinham se tornado endêmicas, representando importante fonte antrópica da poluição atmosférica e do solo. Basta dizer que aqui, a média de queimadas no início do período de estiagem de 2011 era de 2881 focos. Com a campanha deflagrada pela SEMAS esse número foi reduzido para 1448 focos. Houve, portanto, uma redução significativa! Esperamos que, este ano, com a repetição da campanha que vai até o mês de setembro, a redução repita o sucesso do ano passado. Mas é preciso lembrar que na cidade, as queimadas são executadas em número absurdo nas quatro estações do ano. Em Porto Velho queima-se de tudo, em todos os quadrantes da cidade, (inclusive na área central). E os responsáveis por esses focos de queimadas são pessoas de todos os extratos sócio-econômico-culturais, em propriedades públicas ou privadas (terrenos, quintais, hortas, chácaras, fazendas urbanas, áreas abandonadas, pátios/garagens, caçambas, tambores, churrasqueiras, praças, ruas, calçadas, sarjetas, bueiros, canteiros centrais e acostamentos de vias públicas, encostas, pastos, margens de córregos, lixões e lixinhos clandestinos, ferros-velhos, recicladores, sucatões etc). O que implica na necessidade de um trabalho contínuo de conscientização, que não se restrinja só entre os meses de abril e setembro.

O impacto ambiental das queimadas é um tema preocupante, e a sociedade como um todo deve ser solidária na hora de indicar soluções para o problema. No campo, as queimadas comprometem a fertilidade dos solos, promovem a destruição da biodiversidade, a fragilização de agroecossistemas, a destruição de linhas de transmissão e outras formas de patrimônio público e privado. Na cidade, o impacto maior é na saúde da população.  A fumaça das queimadas urbanas é uma monstruosidade química ameaçadora e aterradora para a saúde pública que deve ser banida do nosso convívio. Diante disso, concluo que a proibição de queimar não deve ser apenas uma questão de leis e lógica. Deve converter-se, também, em um dogma: “Não pode queimar porque não pode queimar e pronto”! Aceito isso, que cada um busque as alternativas adequadas, lícitas e responsáveis de dispor de seus rejeitos, lixos, capim, e etc.

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G1 RO e Globo Esporte Rondônia estréiam na web

Reprodução foto: Foto:Larrisa Vieira/GloboEsporte.com

Reprodução G1 Rondônia   foto: Foto:Larrisa Vieira/GloboEsporte.com

Se for verdade o ditado que diz  matérias e colunistas da web são medidos em popularidade e respeitados pelo número de  comentários , retweetadas e recomendações dos leitores” que alcançam, o novo site G1 Rondônia e o Globo Esporte Rondônia já podem se considerar um verdadeiro sucesso da web.

Com matérias atuais sem o ranço dos releases encomendados por políticos, o G1 virou tema de conversas nos botequins desta sexta-feira, 1º de junho.

Uma das matérias mais comentadas foi “Bairros têm nomes de times, em RO” , produzida por  Larissa Vieira e Shara Alencar , que até o horário deste post já contabilizava mais de 150 comentários, 280 Tweetadas e 750 recomendações. Na matéria do G1 Rondônia, “Grêmio e Inter se cruzam, enquanto via em homenagem ao Vasco faz esquina com a Botafogo, Fla e Flu, numa grande mistura de paixão”.

Espera-se um aumento repentino  de casos diagnosticados como “dor de cotovelo” nos nosocômios HB e JP II e de “manés” à beira de um ataque de nervos.

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Regra 34

Gay Talese nasceu Gaetano Talese, em 1932, na cidade de Ocean City, no estado de Nova Jersey. Começou no jornalismo na década de 50, trabalhando no jornal The New York Times.

A partir de 1960 passou a escrever para revistas e publicou – principalmente em Esquire – alguns dos textos mais incríveis da história do jornalismo.

Foi nas páginas de Esquire que saíram os célebres perfis que fez de Joe DiMaggio e Frank Sinatra.

Durante a década de 60 começou a publicar livros, mas o grande sucesso começou com a publicação de O Reino e o Poder (1969) e depois vieram a coletânea Fama e Anonimato (1970), Honra Teu Pai (1971), A Mulher do Próximo (1981) e muitos outros até Vida de Escritor (2006).

A seguir, transcrevo um resumo da entrevista com Talese, realizada no dia 29 de maio de 2012, no auditório da Editora Abril, em São Paulo.

Imprensa…

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Blog da Boitempo

Por Emir Sader.

Especialmente desde a ditadura, a direita brasileira foi se sentindo cada vez mais complexada, com sentimento de inferioridade diante da esquerda. Não era apenas porque ela defendia soluções de força, violentas, tinha a figura de seus chefes em obtusos chefes militares, mas também porque artistas, intelectuais, todos os que se identificavam com a cultura e a inteligência, não eram de direita, mas de esquerda.

Bastou terminar a ditadura para que uma espécie de “liberou geral” se abater sobre alguns artistas e intelectuais, como se todos e tudo agora fossem iguais – liberais, democratas, ditadura, democracia. Alívio para alguns, que já não teriam que aparecer denunciando as ações da ditadura e poderiam se dedicar a compor, a escrever, sem nenhum compromisso com a realidade concreta. Como se todo o resto – exploração, dominação, discriminação etc. etc. – tivessem desaparecido da noite pro dia e estivéssemos na maior das…

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Gente que encontrei por aí… Artur Pinto, teatrólogo e Lê Bertagna, produtora audiovisual

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