Tá bem, o assunto não é bem Lambretta, nem o padre Lambretinha como dirão os mais puristas. Mas é que a música deste senhor que atende pela alcunha de Rubens Vaz Cavalcante é uma autêntica crônica da cidade de Porto Velho . E a letra puxou o assunto e pronto…
E eu quero mesmo é falar da Romi-Isetta !
A cidade de Santa Bárbara d´Oeste, interior de São Paulo, costuma comemorar o Encontro Nacional de Romi-Isettas que reúne cerca de 30 colecionadores de todo o país e 700 visitantes em comemoração à Romi, fabricante que produziu o Romi-Isetta, primeiro carro nacional feito em série.
No final da década de 50, o Romi-Isetta, como ficou conhecida era um veículo estranho com motor de lambreta, espaço para duas pessoas e uma porta frontal.
O projeto era italiano e desenvolvia uma velocidade máxima de 70 quilômetros por hora.
Ela foi produzida por uma indústria respeitável, a Romi, que existe até hoje, comemora seus 80 anos e inclusive negocia seus papéis na Bovespa. O carrinho que ganhou as ruas e a admiração de muitos à época, era a Isetta. Com 3 rodas , o que lhe dava bastante instabilidade, e que dependendo da velocidade e do ângulo da curva a fazia rolar pelo chão, levando em sua cabine o seu feliz(?) proprietário. Quase sempre o mesmo batia o pó do brim (que era como se chamava na época, o jeans), colocava a engenhoca em pé e pronto. Ela estava apta a seguir o seu glorioso caminho.
A história, na verdade, começou na Itália, que já tinha uma enorme tradição com suas Lambrettas. Em 9 de abril de 1953, a empresa ISO Automoveicoli-Spa, fabricante de pequenas motocicletas e triciclos comerciais, fundada pelo gênio Enzo Rivolta, apresentou no salão de Turin um projeto iniciado em 1952 denominado Isetta, (pequena ISO), do engenheiro chamado Preti.
Em 56, a fábrica italiana encerrou suas atividades e transferiu todo o parque fabril para Santa Bárbara do Oeste, em São Paulo, sede das Máquinas Agrícolas Romi. Neste mesmo ano, a ISO vendeu licença de fabricação para a alemã BMW, que usou um motor de 300 cc e produziu em torno de 150.000 veículos.
Assim, com a produção se iniciando em 5 de setembro de 1956, a Romi-Isetta foi o primeiro veículo nacional a ser produzido em série , antecendendo à Vemaguete, perua da Vemag, que seria fabricada em parceria com a alemã DKW. ( Motor de 3 pistões, 3 bobinas, 3 cilindros, 3 tudo e que fedia que nem o cão porque era dois tempos, tinha que misturar óleo direto na gasolina e quando houvesse algum escapamento no escapamento ( redundância da redundância) queimava as vistas dos ocupantes do veículo. E pasmem, tinha um modelo que inacreditavelmente abria as portas para a frente, ao contrario do usual nos dias de hoje !!!
O modelo original era fabricado com motor ISO de 250 cc, depois trocado pelo BMW de 300 cc. Em 59, um tal Grupo Executivo da Indústria Automobilística, criado pelo presidente Juscelino Kubitschek, para incentivar a fabricação de veículos nacionais, ironicamente como muita coisa no Brasil (não vou nem falar de Rondônia), começou a decretar o fim da Romi-Isetta, pois exigia certos padrões ordenados pelas multinacionais, tipo o veiculo deveria ter pelo menos dois bancos e duas portas. Como não era então,por estas normas impostas pela indústria estrangeira que chegava, considerado um veículo, não recebia os mesmos incentivos do governo. A Romi-Isetta, que era um veículo popular, passou a ser mais caro que um Volkswagen ou uma DKW. E olha que o JK chegou em Brasília a bordo de uma Romi-Isetta, triunfalmente liderando a Caravana da Integração Nacional, que foi do RJ a Brasilia ! Isto depois de ter rodado 7.000 km e de ter sido recebida pelo governador Leonel Brizola, em Porto Alegre, somo símbolo da industrialização do Brasil .
Em 1960, deu-se o golpe final , com a produção das últimas unidades montadas com peças que sobraram das linhas de produção. Foram cerca de 3.500 unidades, de um veículo que poluía pouco, era extremamente econômico, fazia cerca de 35 km por litro, não ocupava muito espaço, era protegido da chuva e que poderia ter estimulado a produção genuinamente nacional. ( Quem aí lembra do Gurgel 800 ? )
E quem quiser que conte outra, cumbeira no Rio Madeira !!!